EDITORIAL – Novembro Azul: Minha Vivência, Nossa Luta
Gilberto Lopes
Diretor de Comunicação - Seec-AL
Falo como dirigente sindical, mas também como homem, pai, avô, trabalhador e alguém que precisou encarar de frente uma verdade que muitos ainda insistem em adiar. O câncer de próstata existe, é sério e pode transformar a vida de qualquer um de nós.
E eu digo isso porque transformou a minha.
Nos últimos meses, vivi o que tantos companheiros evitam até comentar. Recebi o diagnóstico, enfrentei a cirurgia, senti na pele o medo que aperta o peito e a avalanche de pensamentos que a palavra “;câncer”; provoca. Mas também descobri algo que faço questão de compartilhar: o diagnóstico precoce salva vidas. A minha, por exemplo, foi preservada porque procurei ajuda a tempo.
E é justamente por ter passado por isso que afirmo, sem rodeios. Precisamos romper de uma vez por todas com o machismo que afasta tantos homens do próprio cuidado. Essa cultura que diz que "homem aguenta", que "homem não vai ao médico", que "o exame é constrangedor", não é brincadeira; é um mecanismo social que adoece e mata.
E eu me recuso a ver mais companheiros sofrerem por causa disso.
O Novembro Azul não pode ser reduzido a campanhas bonitas ou frases prontas. Para mim, ganhou outro sentido, tornou-se um compromisso de vida. Um compromisso comigo mesmo, com minha família, com meus colegas de categoria e com cada homem que ainda hesita em procurar um urologista.
Estou aqui, ainda em recuperação, mas plenamente consciente de que poderia não estar se tivesse deixado o medo e o preconceito falarem mais alto. É por isso que faço questão de afirmar , na vida e na luta sindical , que a prevenção é um ato político. É um ato de coragem. É um ato de amor.
Não existe discurso de força masculina que substitua a responsabilidade que cada um de nós tem com a própria saúde. O PSA, o toque retal quando indicado, a consulta periódica , nada disso diminui ninguém. Pelo contrário: fortalece! Garante vida. Garante futuro. Garante que continuemos aqui, lutando pelos nossos direitos com o peito aberto e o coração firme.
Como dirigente de comunicação do Sindicato dos Bancários de Alagoas, sinto que é minha obrigação usar minha voz para fazer um apelo, não deixem para depois. Não esperem o susto. Não alimentem o tabu. O exame dura minutos, a vida dura muito mais quando cuidada a tempo.
Eu vivi essa experiência. Sei o que significa ouvir um diagnóstico. E sei o que significa ser salvo pela prevenção.
Por isso, falo com autoridade e com afeto, cuidem-se! Cobrem seus colegas, amigos, pais, irmãos. Estimulem outros homens a se informarem. A saúde não é assunto menor é a base de tudo o que defendemos como categoria: dignidade, proteção e vida plena.
Este Novembro Azul tem meu rosto, minha voz e minha história.
E a mensagem que deixo é clara, não existe resistência coletiva sem autocuidado individual.
E a vida, a nossa vida, vale cada exame, cada consulta, cada minuto de coragem.

