Consciência Negra: resistência que atravessa séculos e exige compromisso no presente
A data, criada para homenagear Zumbi dos Palmares, Dandara e todos que resistiram à escravidão, tornou-se um momento essencial para refletir sobre o racismo estrutural e reafirmar a luta por igualdade racial
O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20), não é uma homenagem protocolar nem uma lembrança distante de um herói morto há mais de trezentos anos. A data marca a memória de Zumbi dos Palmares, símbolo máximo da resistência negra, e funciona como um marco político cravado no calendário brasileiro para lembrar que o país só existe porque o povo negro o ergueu com as próprias mãos e continua a sustentá-lo, apesar de séculos de violência, apagamento e desigualdade.
Instituído para deslocar o olhar do país não para o fim formal da escravidão, mas para a resistência que nunca cessou, o 20 de novembro reafirma uma verdade incontornável: a liberdade do povo negro nunca foi concedida; foi conquistada. É essa perspectiva que o Sindicato destaca ao lembrar que a luta coletiva, organizada e consciente, continua sendo a força das transformações sociais que o Brasil ainda precisa realizar.
O presidente do sindicato, Thyago Miranda, reforça que o 20 de novembro convoca a sociedade a ir além de homenagens superficiais. " A importância desta data está em reconhecer que a população negra construiu este país, mas nem sempre teve o seu devido lugar garantido. A Consciência Negra nos chama a enfrentar, com coragem, as estruturas que insistem em manter desigualdades. É um compromisso com a história e com o futuro".
Thyago destaca ainda que o Dia da Consciência Negra marca o reconhecimento de uma história que o Brasil tentou silenciar. Para ele, a data resgata a trajetória de luta da população negra e reafirma que não há democracia possível sem enfrentar as desigualdades que atravessam séculos. "É lembrar que a luta continua porque o Brasil ainda não se reconciliou com sua própria realidade racial", declarou.
Para Luciano Santos, diretor do Sindicato e presidente da CUT-AL, o 20 de novembro carrega um sentido profundamente político. "Falar de Consciência Negra é falar de organização popular, de resistência, de disputa de projetos de país. É lembrar que a classe trabalhadora só se fortalece quando reconhece e combate o racismo que atravessa seu cotidiano. Este dia é um ato de afirmação e de responsabilidade coletiva". Ele reforça que a consciência racial não é uma pauta isolada, mas parte central da luta por justiça social.
A diretora de Políticas Sociais LGBTQIAPN+ e de Igualdade Racial, Roseane Amaral , destaca que respeitar as raízes do povo negro é reconhecer a base cultural que sustenta grande parte do país que conhecemos. Da arte ao trabalho, dos movimentos sociais à própria formação nacional. "Uma sociedade justa se constrói com igualdade.
E essa igualdade só nasce quando valorizamos a história e o protagonismo do povo negro. Consciência Negra é memória, identidade e ação política. É entender que não existe país possível sem essa valorização", disse.
Para o Sindicato , o Dia da Consciência Negra é, portanto, um chamado para manter viva a luta por direitos, por representatividade e por um país que não aceite mais normalizar desigualdades históricas. É a reafirmação de que a resistência negra não é passado: é presente e continua sendo o caminho para um futuro mais justo.

