O Sindicato dos Bancários e Financiários de Alagoas foi fundado em 20 de setembro de 1933 com a denominação de Sindicato dos Bancários de Maceió. Seu reconhecimento veio nove anos depois (13 de abril de 1942), com a emissão da carta sindical pelo Departamento Nacional do Trabalho (atual Ministério do Trabalho). Em 16 de junho de 1977 foi ampliada oficialmente a base territorial da entidade, que passou a se chamar Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado de Alagoas.
Os primeiros acontecimentos que marcam a historia do Sindicato datam do inicio da década de 60,quando ele vinha sendo conduzido por simpatizantes da Juventude Estudantil Católica (JEC). O rompimento dessa fase teve inicio com a eleição de uma chapa mista para a entidade, onde havia integrantes da gestão anterior, a exemplo de Everaldo Macedo (presidente), e bancários independentes, como Roland Bitar Benamor (secretario). O presidente eleito deixou o cargo posteriormente para ocupar uma pasta no governo estadual, fazendo com que o secretario assumisse o comando do Sindicato.
A gestão de Roland Bitar Benamor foi marcada por iniciativas de estruturação da entidade e de fortalecimento da luta sindical e política. A diretoria tinha herdado um sindicato com estrutura frágil e poucos associados. Uma das primeiras ações foi realizar grande campanha de sindicalização, o que culminou no crescimento quantitativo e qualitativo da entidade dos bancários. Isto deu forças à diretoria para combater a exploração praticada pelos bancos contra a categoria, que eram maiores naquela época. "Muitas vezes entramos nas agências para tirar colegas que estavam o dia todo no banco, porque a Delegacia do Trabalho não cumpria o seu trabalho", conta Benamor.
Essa primeira fase áurea do Sindicato viria a ser interrompida em abril de 1964, com o golpe militar que tomou o poder no Brasil. Na época todo movimento sindical foi afetado, em Alagoas e no pais. O exercito e suas armas tomaram conta da ruas, invadiram os sindicatos e prenderam os sindicalistas, sem dar qualquer chance de reação aos trabalhadores. Os dirigentes de entidades tiveram seus mandatos cassados e foram substituídos por interventores.
Durante quase vinte anos o Sindicato dos Bancários, assim como todo o movimento sindical, ficou atrelado às conveniências do regime, através de limitações impostas pela legislação e pelo Ministério do Trabalho. Foi a época do sindicalismo atrasado, que não fazia denúncias e não investia na luta, baseando suas ações no assistencialismo. Enquanto isto, a espoliação dos bancários pelos patrões era flagrante.
O enfretamento à esta situação começou em 1978, quando alguns bancários alagoanos decidiram se juntar e lançar um grupo para retomar à diretoria do sindicato. A Oposição Bancária, como ficou conhecida, contou com o apoio de outras categorias, segmentos e pessoas que também tentavam soerguer o movimento sindical no Estado, a exemplo de jornalistas, advogados e ativistas dos direitos humanos. A oposição foi crescendo e ganhando força, até lançar uma chapa, em 1981, para concorrer à diretoria do Sindicato. A eleição deste ano foi fraudada de forma escandalosa pelos que detinham a entidade e pelos que apoiavam a chapa da situação. Foi uma espécie de fraude consentida pela Delegacia do Trabalho, que nada fez para garantir a lisura do pleito. Derrotada por este esquema, a oposição bancária passou outros três anos se articulando, crescendo e se estruturando, para lançar em 1984 uma outra chapa para a diretoria da entidade. Desta vez, com mais força e instrumentos para garantir a transparência das eleições, o grupo sagrou-se vitorioso, fazendo valer a vontade soberana da categoria.
O dia 7 de agosto de 1984, data em que o Sindicato foi retomando, entrou para a historia do sindicalismo em Alagoas e inaugurou uma nova era para os bancários. Foi a partir daí que a entidade rompeu as amarras que a prendia à ditadura militar e partiu para a construção de um sindicalismo classista, que representasse de fato os trabalhadores de bancos. Uma das primeiras lutas da nova diretoria foi para melhorar os salários da categoria, que haviam sido drasticamente achatados pelos banqueiros. Uma mobilização após outra fez com que a entidade se destacasse no movimento sindical e junto à opinião pública, o que ajudou a conquistar cada vez mais a confiança dos bancários.
Campanhas de sindicalização foram realizadas e obtiveram amplo sucesso. O número de associados, que era de 1.100 na gestão anterior, pulou para 4.500 até 1993, e depois para cerca de 6 mil.
Alem das lutas sindicais e políticas, que voltaram a efervescer, as ações do novo Sindicato também foram no sentido de ampliar sua estrutura, para prestar maior e melhor assistência aos bancários alagoanos. O prédio que abriga a sede da entidade foi readaptado, incrementou-se os departamentos médico e odontológico, implantou-se um forte departamento jurídico e criou-se uma ampla estrutura de comunicação, com carros de som, estúdio de radio, redação, computadores e até uma gráfica.
Tudo foi construído para fortalecer a luta da categoria, que se mobilizava não apenas pelos direitos e interesses dos bancários (defesa do emprego, melhoria salarial, condições de trabalho etc), mas também para apoiar lutas gerais da sociedade (ensino público e gratuito, direitos da mulher, reforma agrária, melhores condições de vida, justiça social, etc). A entidade também investiu em esportes e cultura, criando e promovendo campeonatos de futebol, realizando festivais de musica e construindo o Espaço Cultural dos Bancários - para a divulgação dos artistas bancários e das produções culturais do Estado.
Uma das lutas que mais marcou o Sindicato foi a defesa do Banco do Estado de Alagoas (PRODUBAN), que entrou em processo de fechamento e liquidação a partir do governo José Sarney(1986). Esta batalha, que também era contra a privatização dos bancos públicos, tornou-se vitoriosa anos depois, porque forçou o governo federal a reabrir o banco alagoano. Posteriormente vieram outras investidas de Brasília, com novas intervenções/liquidações, o que levou ao fechamento definitivo da instituição em meados da década de 90.
Outra histórica batalha do sindicato foi em defesa de 167 funcionários da antiga Associação de poupança e Empréstimo de Alagoas (APEAL), que foi transformada em sociedade de credito imobiliário em abril de 1986, demitindo todos os empregados. A mobilização do sindicato e dos trabalhadores em várias esferas (estadual, federal, parlamentar, jurídica, política, trabalhista etc) fizeram com que o Conselho Monetário Nacional autorizasse a absorção dos demitidos pela Caixa Econômica Federal.
No campo político, o Sindicato foi incansável na luta contra a política neoliberal e de usurpação do patrimônio público, que começou a ganhar força no governo Fernando Collor (1990). Alem de se opor ao projeto do governo, que era de arrocho salarial, privatizações, submissão ao FMI e completa abertura ao capital estrangeiro, o Sindicato denunciou e combateu o esquema de corrupção dos "colloridos", que levaria mais tarde ao impeachment do presidente. A entidade foi a primeira a abraçar, dentro do movimento sindical, a causa do "Fora Collor", quando ninguém imaginava que ele seria expulso do poder por crime de improbidade administrativa.
No governo Fernando Henrique Cardoso (a partir de 1995), os bancários passaram a viver o maior arrocho salarial da historia, sobretudo os trabalhadores dos bancos públicos (BB,CEF,BNB). As privatizações e o nível de submissão do país ao capital internacional tornaram-se sem precedentes. O Sindicato dos Bancários, que sempre se esforçou pela eleição de representantes dos trabalhadores para a presidência da Republica e os parlamentos, empreendeu uma vigorosa luta contra a política de recessão, arrocho, desemprego e miséria.
Para conquistarmos o país e a qualidade de vida que sonhamos, a luta sindical é muito importante. Mas, só isso, não é suficiente. Nós trabalhadores precisamos garantir a eleição dos nossos verdadeiros representantes para os governos federal, estadual e municipal, bem como para as casas legislativas. As mudanças, necessariamente, também passam por aí.