Bancários vão às ruas exigir queda dos juros, retomada do crédito, melhora da economia e geração de empregos

Ato no centro de Maceió mobilizou outras categorias profissionais, dirigentes de entidades e grande parcela da população

No Dia Nacional de Luta contra os Juros Altos - que dificulta a realização de empréstimos, impede o aumento do consumo, reduz a produção das empresas, atravanca a geração de empregos e trava o crescimento da economia - trabalhadores de todo o país foram às ruas nesta terça-feira (21/03) para exigir que o Banco Central reduza a taxa básica de juros (Selic). Em Maceió, o movimento coordenado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e liderado pelo Sindicato dos Bancários de Alagoas aconteceu em frente ao prédio central do Banco do Brasil, com a participação de diversas outras categorias e entidades sindicais, a exemplo dos petroleiros, urbanitários, vigilantes e trabalhadores da educação, entre outros.

Os atos aconteceram na véspera do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao Banco Central, reavaliar a taxa Selic, que está em 13,75% ao ano, o maior juro praticado por um país no mundo. Os protestos, além de pedirem a redução da taxa, exigiram a exoneração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, representante da elite econômica e indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

"O atual presidente do Banco Central e sua política de juros são não apenas obstáculo ao crescimento da economia e ao desenvolvimento do país, mas também um impeditivo para que o novo governo implante suas políticas sociais", disse o presidente do Sindicato, Márcio dos Anjos, que integra o Comando Nacional dos Bancários. De acordo com ele, essa política só beneficia os bancos, os ricos, os especuladores, enquanto a população mais carente passa fome.

Um informativo distribuído pelo Sindicato no local do ato, explicou à população o quanto é prejudicial a atual taxa básica de juros, porque ela precisa cair, e quais os danos que ela ainda pode causar na economia e na vida dos brasileiros. "Dezenas de empresas voltadas para a produção estão quebrando, porque não têm pessoas suficientes consumindo. E as empresas que estão em situação melhor, quando querem investir mais na produção, são desestimuladas a fazer financiamento, por causa da alta taxa de juros", acrescentou o dirigente do Seec-AL.

#JUROSBAIXOSJÁ foi o lema das manifestações nesta terça-feira. Além dos protestos físicos, houve tuitaço nas redes sociais, com a restag #jurosbaixosjá, onde a população pôde mandar mensagens direcionadas ao Banco Central. Os trabalhadores e suas entidades buscaram desmistificar o argumento de Campos Neto de que os juros estão altos por causa da inflação. "Nossa inflação se deve a outros fatores, como o preço internacional do petróleo e a guerra na Ucrânia", diz o informativo distribuído com a população.

O que o informativo quer dizer é que a taxa de juros é usada em todo o mundo para combater a inflação, mas que esse mecanismo só funciona quando a inflação é causada por demanda, ou seja, porque a população está comprando mais do que é produzido e este não é o caso do Brasil. Pelo contrário, o consumo vem caindo no país porque o povo não tem dinheiro pra gastar e o endividamento das famílias está batendo recorde.

Em meio a manifestação dos trabalhadores e das entidades sindicais, ocorrido no calçadão do comércio, o cenário nas lojas e ruas era desalentador, com quase ninguém comprando ou circulando pelo local. Um retrato da economia desaquecida.

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