98,47% dos bancários rejeitam proposta dos bancos; Negociações serão retomadas hoje

Bancos querem impor perda salarial à categoria, que está em estado de assembleia permanente

Sindicatos de bancários de todo o país realizaram assembleias na noite de sexta-feira (26/08) para que a categoria deliberasse sobre a proposta apresentada pelos bancos frente às reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2022.

No início da noite, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) havia apresentado a proposta de reajuste salarial de apenas 75,8% da inflação, o que leva a categoria bancária a uma perda real de 2% nos salários. Do total de votantes, 98,47% rejeitaram a proposta.

Além de rejeitar a proposta, 92,20% dos votantes aprovou o estado de assembleia permanente. Com isso, a assembleia fica em aberto e os sindicatos poderão convocar a categoria a uma nova deliberação sem a necessidade de cumprimento dos prazos legais de convocação de assembleias estabelecidos e sem a necessidade de novas publicações em jornais de grande circulação, bastando apenas uma convocação simples nos veículos de comunicação do próprio sindicato.

A votação foi realizada de forma remota, por meio de uma plataforma eletrônica de votação disponibilizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) aos sindicatos de todo o país.

“;O resultado das assembleias reflete a indignação da categoria com a postura dos bancos, que tem sido de menosprezar a nossa pauta de reivindicações e causar perdas financeiras aos trabalhadores, sem falar nas tentativas de reduzir conquistas. O Comando Nacional dos Bancários tem reagido duramente a essa estratégia na mesa de negociação e, com o amplo aval da categoria, continuará exigindo não só a reposição integral da inflação, mas também aumento real”;, disse o presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Márcio dos Anjos, que integra o Comando Nacional e participa das negociações com a Fenaban.

Proposta

Já foram realizadas 17 reuniões de negociação após a entrega da minuta e os bancos mantém a proposta de perda salarial. Na PLR houve avanços, mas os bancos ainda precisam melhorar o que colocaram na mesa. Eles desistiram de pedir a compensação (redução) das verbas pagas em programas próprios na parcela adicional da PLR da Fenaban, mas precisam apresentar uma proposta que valorize a categoria, com maior distribuição dos lucros para quem trabalha e gera a lucratividade astronômica do setor.

Avanços

Complementação do auxílio doença

Com relação ao auxílio doença previsto na cláusula 29 da CCT, os bancos queriam incluir uma alínea ao parágrafo primeiro da cláusula para estabelecer que somente teria direito ao auxílio o empregado que tivesse retornado ao trabalho e trabalhado ininterruptamente pelo período mínimo de 6 meses após o recebimento da última complementação, mas após reivindicação do Comando, os bancos retiraram a proposta.

Teletrabalho

É um tema novo que vai entrar na CCT. Os bancos concordaram com a reivindicação de controle de jornada para todos os trabalhadores; com o fornecimento e manutenção de equipamentos; com o direito à desconexão para que gestores não demandem os trabalhadores fora do horário de expediente dos mesmos; com a manutenção dos direitos da CCT aos trabalhadores que realizem suas funções fora das dependências do banco; com prevenção e precauções com a saúde dos trabalhadores; com a criação de canal específico para que os trabalhadores em teletrabalho tirem suas dúvidas.

Os trabalhadores com filhos de até quatro anos, ou com deficiência terão prioridade e as bancárias vítimas de violência doméstica poderão escolher se preferem trabalhar em domicílio, ou nas dependências do banco.

Os bancos facilitarão a realização de campanhas de sindicalização e o contato com os trabalhadores em teletrabalho.

Será criado um GT bipartite para acompanhar o cumprimento da cláusula.

Mas ainda falta avançar na ajuda de custo.

Assédio sexual

A nova cláusula sobre assédio sexual fará repúdio à esta prática nos bancos e os gestores e empregados passarão por treinamento para prevenção e esclarecimento sobre possíveis consequências. Também está em debate a participação das entidades sindicais no canal de denúncias a ser criado, assim como o acompanhamento dos casos pela comissão bipartite de diversidade que já existe.

Assédio moral e cobrança de metas

O tema será pautado na primeira reunião de negociação de 2023 dos bancos que têm comissões de empresa. Os bancos que não têm comissão de empresa devem realizar reunião específica com a representação dos trabalhadores para tratar do tema, a pedido do sindicato.

Continuidade das negociações

As negociações foram interrompidas no final de semana e serão retomadas nesta segunda-feira (29/08), às 14h, quando, segundo a Fenaban, será apresentada uma proposta para encerrar a campanha.

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