Bancários cobram proposta de combate ao assédio moral

Até pesquisa realizada pelos bancos confirma que categoria adoece mais; Comando faz pressão e bancos prometem trazer proposta ainda nesta semana

O Comando Nacional dos Bancários debateu ontem (15/08), com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), sobre o estabelecimento de metas inatingíveis e a cobrança abusiva pelo seu cumprimento. "Até o levantamento apresentado pelos bancos constata maior adoecimento mental e físico dos bancários na comparação com outras categorias. Precisamos acabar com os geradores do adoecimento que, sabemos, está ligado ao assédio moral e à cobrança abusiva de cumprimento de metas inatingíveis", disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Márcio dos Anjos, que integra o Comando Nacional e participa das negociações com a Fenaban, lamentou que, mesmo diante de todas as evidências, os bancos ainda insistam que o adoecimento não tem origem na cobrança de metas. "Isso é fazer vista grossa para um problema muito sério que afeta a categoria. Não vamos aceitar tamanha simulação. Exigimos dispositivos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que dê um freio nessa situação, porque a saúde do trabalhador tem que estar acima das metas e do lucro dos bancos", afirmou.

A consultoria contratada pela Fenaban apresentou dados com base em números dos próprios bancos. "É claro que os números dos Recursos Humanos dos bancos não vão apontar as metas como causa do adoecimento. Nós ouvimos a categoria, que disse o contrário. As metas são sim a principal causa do adoecimento", disse Ivone Silva, outra coordenadora do Comando Nacional. Ela lembrou que a Consulta Nacional 2022, respondida por mais de 35 mil bancários, aponta que 77% dos entrevistados acreditam que a cobrança excessiva pelo cumprimento de metas causam cansaço, fadiga e preocupação constante; 54% dizem que causa desmotivação, vontade de não ir trabalhar, medo de estourar; 51% diz causar dor, formigamento nos ombros, braços ou mãos; 44% que causa crise de ansiedade e pânico (veja outros resultados no gráfico). 

"As metas são estabelecidas de cima para baixo e existe muita pressão para que elas sejam atingidas", observou o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles. "As bancárias e os bancários não estão satisfeitos com a forma como as metas são estabelecidas e cobradas. E muito menos com o aumento dos objetivos a serem atingidos após o seu cumprimento. É aquela história de querer mudar a regra do jogo com a partida em andamento", completou.

O tema volta a ser discutido na próxima rodada de negociações, que será realizada na quinta-feira (18).

Teletrabalho

Além do debate sobre metas, na rodada de ontem também houve acertos sobre a redação de cláusulas de teletrabalho, discutidos na reunião passada. A Fenaban analisará as observações feitas pelo Comando Nacional dos Bancários e enviará uma nova proposta sobre o tema.

 

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