Bancários reforçam: inclusão não é favor. É compromisso! No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a luta é por um ambiente bancário verdadeiramente acolhedor

 

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, volta a chamar atenção para a urgência de políticas concretas de inclusão no Brasil. Criada pela ONU em 1992, a data é um convite para que governos, empresas e toda a sociedade encarem o fato de que milhões de pessoas ainda convivem diariamente com barreiras físicas, tecnológicas e comportamentais que limitam seu acesso pleno ao trabalho, aos serviços e aos espaços públicos. No setor bancário, reconhecido por sua modernização permanente, essa reflexão é ainda mais necessária. Não basta valorizar a diversidade nos discursos, é preciso incorporá-la de forma efetiva nas práticas do cotidiano.

Segundo o Censo 2022 do IBGE, o país possui 14,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Apesar disso, dados da RAIS 2024 revelam que apenas 1,32% das vagas formais no Brasil são ocupadas por esse público. No sistema financeiro, o índice chega a 4,3%, um número que, embora superior à média nacional, ainda está longe de refletir a sociedade atendida nos caixas, plataformas digitais e salas de atendimento.

De acordo com o presidente Thyago Miranda, ainda existe um abismo entre presença e acolhimento. "A realidade é incontornável! Não basta contratar, é fundamental garantir acessibilidade arquitetônica, tecnológica, comunicacional e atitudinal, assegurando que bancárias e bancários com deficiência possam exercer suas funções com dignidade, autonomia e segurança", disse.

Para ele, a exigência também é política. "No Brasil, as instituições financeiras operam sob forte regulamentação, e a legislação é explícita ao afirmar que acessibilidade não é opcional. Contudo, cumprir a lei é apenas o ponto de partida. Para além das normas, existe uma responsabilidade ética que exige ambientes de trabalho humanizados e compromissados com a igualdade. Rampas adequadas, softwares acessíveis, mobiliário adaptado, comunicação inclusiva, combate ao capacitismo e políticas internas de apoio não podem ser tratados como custos, mas como fundamentos que expressam respeito humano e compromisso social", declarou.

A diretora Roseane Amaral, responsável pela Diretoria de Políticas Sociais LGBTQIAPN+ e de Igualdade Racial, reforça que a construção de ambientes inclusivos depende de ação contínua. "Falar de inclusão no setor bancário é falar de compromisso real com pessoas, não com números", destaca. Para ela, políticas internas só ganham verdade quando se traduzem no cotidiano de cada unidade. "Um ambiente bancário verdadeiramente humano é aquele que acolhe, adapta, respeita e permite que bancárias e bancários com deficiência sejam protagonistas de suas trajetórias profissionais. Não se trata de um gesto de boa vontade, mas de uma obrigação social. Os bancos precisam assumir essa responsabilidade hoje, não amanhã", afirma.

Roseane também ressalta que acessibilidade vai além de ajustes físicos. "A inclusão precisa romper o capacitismo estrutural, precisa combater preconceitos silenciosos e precisa criar espaços onde as diferenças não sejam toleradas, mas valorizadas. Isso exige investimento contínuo, formação das equipes e disposição para ouvir quem vive essa realidade todos os dias", completa.

O Sindicato mantém essa agenda de forma permanente nas mesas de negociação. Entre as conquistas já obtidas, estão o abono de ausência para conserto de ajudas técnicas, garantindo que bancárias e bancários que dependem de equipamentos assistivos não sejam penalizados, e a isenção de coparticipação no plano de saúde para pessoas com deficiência, implementada no Santander e em negociação para os demais bancos. Os dirigentes sindicais seguem cobrando avanços estruturais, ampliação das contratações e a eliminação das barreiras que ainda impedem pleno desenvolvimento profissional de muitos trabalhadores.

Para o movimento sindical, o 3 de dezembro não deve ser tratado como data comemorativa, mas como um marco de luta contínua. Construir ambientes bancários verdadeiramente inclusivos exige respeito diário, combate permanente ao capacitismo, políticas internas resistentes ao tempo, transformação estrutural e compromisso coletivo. Não há sociedade justa sem acessibilidade plena, assim como não existe setor bancário forte quando parte de seus trabalhadores segue enfrentando obstáculos para existir e produzir.

O Sindicato reforça que inclusão não é caridade, é direito, é política pública, é dignidade humana. É, sobretudo, compromisso.

Mais Notícias

+ Ver todas