Comando dos Bancários aprova Consulta Nacional à categoria

 

Categoria também discute participação na Marcha da Classe Trabalhadora, para defender a redução da jornada de trabalho e a ampliação de faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês. Alagoas foi representada pelo presidente Márcio dos Anjos, membro do Comando Nacional

 

O Comando Nacional dos Bancários se reuniu na segunda-feira (28), no Sindicato dos Bancários e Bancárias de Brasília, no Distrito Federal. O grupo aprovou a Consulta Nacional 2025 e discutiu a participação dos bancários na Marcha da Classe Trabalhadora, onde serão defendidas as pautas da redução da escala 6x1 e do Projeto de Lei (PL) nº 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe remuneração de até R$ 5 mil/mês, desconto do IR para quem ganha até R$ 7 mil/mês e propõe a taxação para os super-ricos (pessoas com remuneração acima de R$ 600 mil por ano). 

 

 

 Marcha da Classe Trabalhadora

O encontro começou com o apoio dos representantes das federações à Marcha da Classe Trabalhadora, organizada pelas centrais sindicais, incluindo a Central única dos Trabalhadores (CUT), e que será realizada nesta terça-feira (29).

As principais pautas que serão defendidas neste ano são a redução da jornada de trabalho, com o fim da escala 6x1, e o PL da isenção do IR, de iniciativa do governo federal, em tramitação no Congresso.

"Apesar de a categoria bancária já ter conquistado a escala 5x2, nós somamos força às demais categorias pelo fim da escala 6x1. A redução da jornada, com manutenção dos salários, é uma forma de compartilhar os benefícios dos avanços da tecnologia com toda a sociedade, contribui para a redistribuição de renda e induz a criação de empregos", destacou, na abertura, a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Em relação ao PL de isenção do imposto de renda, a também coordenadora do Comando Nacional, Neiva Ribeiro, reforçou que a categoria tem papel importante para ajudar na ampliar da discussão do tema na sociedade, de forma a aumentar a pressão sobre o Congresso Federal para que a medida seja aprovada. "Temos que combater as fake news (notícias mentirosas), que distorcem a importância desse projeto de lei, porque nele contém a taxação dos super-ricos, para que ocorra o equilíbrio fiscal e se tenha justiça tributária: quem ganha menos paga menos e quem ganha mais paga mais", completou.

 

"O sistema tributário brasileiro é uma engrenagem a serviço dos super-ricos. Enquanto um bancário que ganha R$ 7 mil por mês paga quase 8% de imposto de renda, tem bilionário que lucra milhões e entrega 2% para o Estado e ainda posa de benfeitor. Não dá mais para aceitar esse modelo que pune quem trabalha e protege quem acumula fortuna.  A Marcha da Classe Trabalhadora é mais do que uma mobilização, é uma denúncia contra essa farsa tributária. E os bancários estarão na linha de frente, exigindo justiça fiscal de verdade: quem ganha mais, tem que pagar mais", disse o presidente Márcio dos Anjos , integrante do Comando Nacional.


Consulta Nacional

O Comando Nacional também aprovou o conteúdo da Consulta Nacional aos bancários e bancárias 2025 e o seu lançamento no dia 15 de maio.

"A Consulta Nacional, realizada todos os anos, é uma estratégia para entender a categoria, suas demandas, e para construir as nossas agendas de reivindicações", explicou Juvandia Moreira. 

Entre os temas que estão contemplados na Consulta Nacional 2025 estão avaliações sobre as conquistas obtidas ao longo da história pela categoria, os principais anseios dos trabalhadores do setor e como avaliam questões macroeconômicas e políticas do país, como, por exemplo, o PL que amplia a isenção do IR e propõe a taxação aos super-ricos.


Análise de conjuntura

Comando Nacional dos Bancários convidou Paulo Gil, auditor-fiscal aposentado da Receita Federal e vice-presidente do Instituto Justiça Fiscal, para discutir a importância do projeto de lei de isenção do imposto de renda.

"Não existe nenhum país do mundo que aumentou fortemente a despesas governamentais, para melhorar a qualidade de vida da população, sem a tributação progressiva: ou seja, quem ganha mais, paga mais", explicou Gil.
 

"A tributação tem o papel de estabilizar, coordenar a economia, para que o investimento seja feito de forma direcionada pelo Estado. Para isso, o Estado tem que criar estratégia para que os mais ricos não entesourem dinheiro, enquanto os mais pobres e a classe média são demasiadamente onerados. Por isso, o sistema fiscal, além de fazer a distribuição correta dos gastos, tem que reduzir as desigualdades, exigindo mais dos super-ricos", completou.

Ainda, segundo o especialista, atualmente, na estrutura tributária brasileira, 59% da tributação recai sobre os preços, portanto penaliza mais os consumidores, portanto, atinge sobretudo a população de baixa renda e a classe média. Assim, o Projeto de Lei (PL) nº 1.087/2025 seria uma maneira de reduzir essa distorção, por meio do Imposto de Renda. Segundo Gil, os mais ricos pagam uma alíquota efetiva de IR de cerca de 4,5%, muito inferior ao que paga um bancário (perto de 8%).

"Em 2022, na faixa onde o ‘;mais pobre’; dos super-ricos recebe cerca de R$ 2 milhões/mês e o ‘;mais rico’; R$ 110 milhões/mês (grupo que representa 0,01% dos declarantes do Imposto de Renda) pagava entre 4,46% e 5,15%. Mas, uma matéria recente, divulgada no jornal Valor Econômico, mostrou que a Receita Federal identificou três pessoas no Brasil que tiveram rendimentos superiores a R$ 1 bilhão, em 2022, mas, tiveram alíquota de Imposto de Renda em torno de 2%", ressaltou Paulo Gil.

 

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