Sindicato levanta a bandeira contra a jornada extenuante 6x1 e defende carga horária justa

 

Recentemente, um clamor por mudanças nas condições de trabalho ganhou força nas redes sociais e ecológicas em todas as categorias: a necessidade urgente de dar fim à exaustiva escala 6x1, que imponha aos trabalhadores uma rotina pesada, com seis dias de trabalho seguidos e um mísero dia de descanso. Essa luta não é apenas uma defesa do Sindicato, mas um grito coletivo de trabalhadores que, com o apoio de movimentos como o VAT (Vida Além do Trabalho), reivindicam uma restrição no modelo de trabalho para garantir uma vida mais equilibrada e digna.

Criado por Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia e hoje vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro, o Movimento VAT trouxe à tona a escala 4x3 — uma proposta que prevê 4 dias de trabalho e 3 de descanso. Esse modelo já foi defendido pelo Sindicato na última Campanha Nacional Unificada dos Bancários, como uma resposta à sobrecarga que vem afetando a saúde e a vida social dos trabalhadores.

Em uma iniciativa estratégica, a deputada federal Erika Hilton (PSOL) propôs uma PEC que visa a redução da carga horária semanal para 36 horas, distribuídas em apenas 4 dias, e não mais em 6. O apoio à causa é enorme: em poucas semanas , mais de 2,3 milhões de brasileiros já aprovaram uma petição pública do Movimento VAT, clamando pela tramitação urgente dessa PEC, que promete aliviar a carga física e mental de milhões de trabalhadores em todo o país.

O presidente Márcio dos Anjos , assim como toda diretoria da entidade, declaram apoio total à causa e defendem o fim da jornada 6x1, figurativamente como "um regime arcaico que apenas exaure o trabalhador, o priva do descanso, do convívio familiar e de sua saúde mental. A categoria bancária já dominada, por meio de lutas históricas, tem o direito a uma jornada diferenciada, com dois dias de descanso , uma vitória preservada mesmo nos tempos de ataque aos direitos trabalhistas nos governos Temer e Bolsonaro e essa conquista foi resultado direto da nossa organização e resistência e hoje somos solidários e engrossamos o caldo da luta para todos os trabalhadores do Brasil", declarou Márcio dos Anjos.

Entenda por que a escala 6x1 precisa ser extinta

A escala 6x1 obriga o trabalhador a se submeter a rotinas extenuantes, em que se trabalha seis dias consecutivos com um descanso. Para cumprir às 44 horas semanais previstas na lei, os trabalhadores nesta escala costumam ter jornadas de até 8 horas diárias, além de precisar compensar horas para ajustar a carga.

De acordo com o diretor Luciano Santos que é presidente da CUT-AL,"esse modelo não afeta apenas a produtividade, como impacta diretamente a saúde física e mental dos trabalhadores, gerando níveis elevados de estresse, esgotamento e até problemas mais graves, como depressão e ansiedade".

Luciano enfatiza sobre outro problema da escala 6x1. "Outro agravante é a desconexão com a família e amigos, já que muitos trabalhadores não conseguem descansar aos domingos, impedindo a convivência social e o descanso conjunto com seus entes queridos. Numa sociedade que cada vez mais valoriza a saúde mental e o bem-estar, a escala 6x1 mostra-se uma prática ultrapassada e nociva, que não reflete a evolução nas condições e nas exigências do trabalho da atualidade. A substituição por uma jornada que prioriza a saúde, a dignidade e a qualidade de vida dos trabalhadores não é apenas justa, é urgente", afirmou.

Lutas históricas pela redução da jornada no Brasil

A luta pela redução da jornada de trabalho no Brasil não é nova. Desde os debates constituintes de 1987, a redução para uma carga de 40 horas semanais era uma exigência das lideranças trabalhistas, entre eles o atual presidente Lula, que defendia fortemente uma ideia. No entanto, uma jornada de 44 horas semanais acabou sendo a aprovada na época.

Em 2015, o senador Paulo Paim (PT) retomou o tema e apresentou uma PEC que previa a redução gradual para 36 semanais, planejando equilibrar a vida profissional e pessoal dos trabalhadores. Em 2022, o senador Weverton Rocha (PDT) propôs uma emenda para permitir a negociação de jornadas mais curtas, de até 30 horas semanais, por meio de acordos coletivos, o que abriria as portas para modelos como o 4x3.

Agora, com a PEC da deputada Erika Hilton, as lutas passadas se somam ao momento atual, trazendo um projeto moderno e condizente com as transformações que o mercado de trabalho tem visto mundialmente. O Sindicato acredita que reduzir a jornada sem perda salarial não é apenas uma questão de dignidade, mas também de produtividade e saúde coletiva.

O diretor Thyago Miranda é enfático na defesa da retirada da escala 6x1. "É importante lembrar que os mesmos setores da direita que hoje alegam que reduzir a jornada de trabalho para quatro dias seria um desastre econômico são os mesmos que, décadas atrás, consideraram barrar o 13º salário com distribuições igualmente pessimistas. Os trabalhadores brasileiros sentem na pele os prejuízos maléficos da reforma da Previdência e Trabalhista, que, em vez de promoverem a geração de empregos e o desenvolvimento econômico, resultaram na retirada de direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora", afirmou.

Para o Sindicato, essa é uma luta coletiva e essencial, pois representa um avanço significativo para as condições de trabalho e a saúde de milhões de brasileiros que merecem não apenas sobreviver, mas viver com dignidade.

Mais Notícias

+ Ver todas