Santander e F1RST realizam assembleia para reduzir direitos

Os ataques do Santander à organização dos trabalhadores bancários ganharam uma nova dimensão no dia 19 de agosto. O banco convocou uma assembleia com trabalhadores da STI - que o Santander pretende transferir para uma nova empresa do seu grupo econômico a partir de janeiro de 2022, a F1RST - para votar um acordo coletivo com um sindicato que não é o dos bancários.

O movimento sindical bancário esclarece que não deu anuência, não negociou nenhum acordo coletivo, não participou e não concorda com tudo o que ocorreu na assembleia realizada na quinta-feira 19.

Em São Paulo, onde fica a sede administrativa do banco e a maior base dos funcionários do Santander, o sindicato local reafirma que não teve qualquer participação neste acordo e na assembleia. "Muito pelo contrário. Estamos na luta para garantir os direitos dos trabalhadores e para assegurar que quem trabalha para o banco, bancário é, e que, portanto, deve ter a representação do Sindicato dos Bancários e estar na abrangência da sua Convenção Coletiva de Trabalho", disse Cássio Murakami, dirigente do Seeb-SP.

Cássio afirma ainda que existem fortes indícios de irregularidades gravíssimas na assembleia realizada na quinta-feira 19. "Estamos apurando todos os indícios de irregularidades para tomar as medidas cabíveis. Um exemplo é o fato da votação ter sido realizada de forma aberta, por meio do chat, expondo os trabalhadores, o que configura constrangimento. Jamais os trabalhadores vão se sentir à vontade para negar um acordo no qual o voto fica identificado, registrado, explícito."

Antes da assembleia, por volta das 9h, representantes do banco reuniram os trabalhadores para tentar convencê-los de que a F1RST trará muitas oportunidades, que a relação de trabalho será "maravilhosa".

"A maneira como o Santander está conduzindo este processo, com convocação relâmpago de uma assembleia, propagandeando supostos pontos positivos da mudança para a F1RST, deixa ainda mais evidente o que os trabalhadores já sabem: não tem como algo ser maravilhoso se significa corte de direitos (veja quadro no final da matéria) e se não tem a anuência da sua representação sindical por direito, que é a do Sindicato dos Bancários", destaca Cássio.

"Os trabalhadores não querem ser terceirizados, não querem ser contratados pela F1RST. Eles querem ser bancários. Justamente porque entendem o que é a representatividade e a atuação do Sindicato dos Bancários, assim como possuem total consciência do que significam os direitos e a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários. Portanto, vamos intensificar e muito os protestos e a luta contra esta manobra do Santander, que demonstra o desprezo do banco pelo movimento sindical e pelos trabalhadores, que são os principais prejudicados", reforça o dirigente.

Vamos à luta

A melhor resposta que os trabalhadores da área de tecnologia do Santander podem dar ao banco diante da manobra para cortar direitos e reduzir a remuneração total é a sindicalização no Sindicato dos Bancários e a participação nas mobilizações.

"Muitos trabalhadores já estão procurando o Sindicato para se sindicalizar, participar das reuniões e mobilizações. Ou seja, existe uma insatisfação enorme na área de tecnologia com essa manobra do Santander. A sindicalização e participação na luta são fundamentais para a defesa dos seus direitos como bancários. Juntos somos mais fortes. Vamos à luta", conclama Cássio.

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