Deputado baiano é vítima de racismo

Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi) informou que acompanha o caso envolvendo a prática de racismo contra o deputado federal

O deputado federal Valmir Assunção (PT) foi vítima de crime de injúria racial na sexta-feira (10/04), no município de Itamaraju, no sul baiano. Um áudio gravado por uma comerciante, que seria apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, passou a circular nas redes sociais com termos pejorativos contra o parlamentar, a exemplo de "macaco", "ridículo", "horroroso", "vagabundo" e "nariz de chapoca".

De acordo com a reportagem do portal A Tarde, as agressões iniciaram depois que o deputado divulgou um vídeo nas redes sociais defendendo a proposta do governador Rui Costa (PT) de instalar 20 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para tratar pacientes infectados pelo coronavírus na cidade.

No áudio, a mulher diz que os equipamentos levariam o coronavírus para a cidade, mas também acusa o congressista de ter levado dois motéis para o município utilizando nome de laranjas. "Me aponte alguma coisa que esse macaco trouxe para Itamaraju", diz.

Ao tomar conhecimento da existência dos áudios, o deputado acionou a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) para apurar o caso. "Não posso me abster de denunciar isso, pois sei que o país ainda possui em sua sociedade pessoas racistas e desinformadas. O fato de eu ser negro é motivo de orgulho. A ignorância das pessoas diante desse processo histórico só dificulta a atuação política em Itamaraju e em outras regiões da Bahia e do Brasil. Vou até o fim para que essa pessoa seja punida devidamente dentro da lei", aponta Valmir Assunção.

Para o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Almir Aguiar, o racismo no Brasil é um "legado" da colonização portuguesa e está estruturado em nossa sociedade se perpetuando até os dias de hoje. "A banalização do racismo e o preconceito racial atingiu o ápice neste governo fascista. As pessoas saíram do armário e não tem vergonha de praticar atos como esse, sem temer a lei que recrimina esses atos, a justiça é morosa, as penas são brandas, isso quando essas pessoas são penalizadas. Enfim, essa comerciante precisa ser denunciada e pagar pelas besteiras odiosas que saíram da sua boca", disse.

Na manhã do sábado (11/04), a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi) informou que acompanha o caso envolvendo a prática de racismo contra o deputado federal. "O caso está sendo monitorado pelo Centro de Referência Nelson Mandela, órgão vinculado à Sepromi onde foi formalizada a denúncia. Também foi comunicado à Secretaria da Segurança Pública (SSP) para a apuração policial. O fato pode ser enquadrado na Lei Nº 7716/89, a Lei Caó, que define o crime de racismo como inafiançável e imprescritível", diz a pasta em nota.

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