Jaime Miranda: mártir da luta contra a ditadura

Nesta segunda-feira - 31 de abril - completa 50 anos do golpe militar que destituiu o governo legitimo do presidente João Goulart e instaurou uma ditadura que vigorou por 21 anos, período negro na historia recente do país.

Um dos maiores ícones da resistência contra o então verdugo estado brasileiro foi o alagoano Jayme Amorim de Miranda, que é avô do dirigente do sindicato e funcionário do Banco do Nordeste, Thyago Miranda.

Jayme Miranda nasceu em Maceió em 18 de Julho de 1926, era advogado e jornalista, atuou de forma marcante como diretor do jornal comunista A VOZ DO POVO, denunciando a difícil situação dos trabalhadores da época e fazendo criticas ferrenhas as grandes oligarquias dominantes no estado de Alagoas. Isso lhe valeu suas primeiras retaliações no estado ainda na década de 50. Prisões, torturas, atentados, humilhações, foram uma constante na trajetória do líder comunista alagoano, que jamais se dobrou e sempre manteve a postura firme e destemida na defesa de seus ideais.

Por conta de sua atuação, Jayme logo alçou os maiores cargos dentro do partido comunista, chegando a secretário de organização do Comitê Central, órgão máximo do PCB, sendo inclusive a segunda pessoa de Luiz Carlos Prestes.

Com o golpe de 64, Jayme teve seu mandato de deputado cassado, e entrou definitivamente na clandestinidade, juntamente com sua esposa com quem teve quatro filhos. Ele peregrinou durante 11 anos na cidade do Rio de Janeiro, mudando-se constantemente, mas tais esforços foram inúteis, pois no dia 04 de fevereiro de 1975, ao sair de casa no bairro do Catumbi, no estado do Rio de Janeiro, para um encontro com um camarada, Jaime sumiu e nunca mais foi visto.

Existem três versões para o derradeiro fim do dirigente comunista alagoano: o primeiro dá conta de que foi lançado ao mar a 200 milhas da costa; outra versão, do ex-delegado Claudio Guerra, aduz que seu corpo foi incinerado numa usina de cana; e a versão mais aceita é a do ex-sargento do DOI-CODI paulista Marival Chaves, que disse em entrevista publicada na revista VEJA de 18 de novembro de 1992, que Jayme foi morto sob tortura, seu corpo esquartejado e jogado a um Rio próximo de Avaré (SP).

Segundo o diretor do sindicato Thyago Miranda, a família ainda hoje guarda a esperança de que o corpo de Jayme possa ser localizado, numa busca que já dura 39 anos.

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