Sindicatos denunciam assédio e demissões no banco Santander

Mesmo durante a pandemia, funcionários são submetidos a cobrança de metas inatingíveis e sujeitos a demissão pelo não cumprimento das mesmas

Sindicatos de todo o Brasil fizeram nesta terça-feira (16/06) manifestações para denunciar as arbitrariedades do banco Santander. Estão ocorrendo manifestações em agências e departamentos do banco e um tuitaço com a hashtag #SantanderRespeiteOBrasil.

Em Alagoas, diretores do Sindicato também gravaram vídeos e divulgaram nas redes sociais. O objetivo, além de mobilizar o funcionalismo, foi mostrar a verdadeira face do banco, que se veste de pele de cordeiro nos anúncios da TV, falando de solidariedade na pandemia, mas que, no dia-a-dia, age como algoz dos trabalhadores, assediando, perseguindo e demitindo.

"Não há justificativa para as demissões. O Santander apresentou lucro de 3,8 bilhões de reais nos primeiros três meses do ano, alta de 10,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro obtido no Brasil representou 29% do lucro global", destaca o presidente do Sindicato, Márcio dos Anjos, que integra o Comando Nacional dos Bancários.

Ele lembra que em março o banco se comprometeu, em mesa de negociação, a suspender as demissões que estivessem em andamento, e a não demitir enquanto perdurasse a pandemia. "Pelo jeito, foi só jogo de cena, e nós não vamos admitir", acrescentou.

Para o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na mesa de negociação com o banco, Mário Raia, é importante usarmos de todos os meios possíveis para mostrarmos o que o banco está fazendo com seus funcionários e clientes, inclusive fazendo contatos com veículos de comunicação. "Temos que mostrar que, mesmo durante a pandemia, os funcionários estão sujeitos ao cumprimento de metas abusivas, que aumentam a cada dia. E quem não as cumpre é demitido", afirmou.

"Realizar demissões em meio a uma pandemia global, da qual o Brasil é o novo epicentro, é praticar uma gestão desumana. Se em condições normais já é difícil conseguir uma recolocação profissional, imaginamos como os trabalhadores vão ficar agora", observa o diretor do Sindicato e membro da Comissão de Organização dos Empregados do Santander, José Aragão.

Se o Santander não está realizando demissões nos outros países onde opera, queremos o mesmo tratamento no Brasil. Reivindicamos que a negociação e os acordos firmados com os representantes dos trabalhadores sejam respeitados.

O Governo Federal brasileiro liberou aos bancos mais de R$ 1 trilhão, o que desmente a justificativa do Santander em demitir por conta de ajuste econômico gerado pela crise.

O desrespeito do Santander não é somente com o trabalhador, mas com toda a sociedade brasileira. As práticas antissindicais do banco se tornaram frequentes e o desrespeito só aumenta. 

O Santander justificou as demissões durante a pandemia declarando que a "meritocracia é um dos grandes valores da instituição". Em média, a diretoria executiva do banco recebeu 9,4 mi em 2019, será que eles têm o mesmo tratamento dos trabalhadores?

O Santander opera como concessão pública no Brasil, país do qual retira a maior parcela do seu lucro mundial. E deve oferecer contrapartidas, como tarifas e taxas não extorsivas e não contribuir para a já elevada taxa de desemprego no país.

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