Fechamento de indústrias aponta para falta de perspectivas da economia, segundo Dieese

Entre 2015 e 2018, 17 indústrias fecharam as portas em média a cada dia no Brasil, reduzindo a oferta de empregos que pagam melhores salários

Entre 2015 e 2018, 25.376 unidades industriais encerraram suas atividades. Em média, pelo menos 17 indústrias fecharam as portas a cada dia ao longo desses quatro anos, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado na semana passada. Para o diretor técnico do Dieese Clemente Ganz Lúcio, esses números são resultado da “;gravíssima”; recessão vivida pelo país, entre 2015 e 2016, e da recuperação “;rastejante”; no período posterior.

“;Uma economia sem vitalidade, que tem impacto muito pesado sobre todo o setor produtivo, especialmente com esses dados que mostram o impacto na indústria de transformação”;, afirmou Clemente ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (20).  O baixo dinamismo do setor industrial também aponta, segundo ele, para a falta de perspectivas rumo a uma retomada mais robusta da economia brasileira.

Para contornar tal quadro negativo, Clemente destaca a necessidade de cooperação entre o investimento público e o investimento privado, voltada para o incremento da inovação e da produtividade. Ele aponta que cada 1% de variação da atividade industrial representa a abertura ou fechamento de 6 mil unidades produtivas. Antes da crise, o país tinha 384.721 unidades industriais de transformação. Em 2018, esse número foi reduzido para 359.345.

O diretor do Dieese disse ainda que muitas dessas indústrias “;jamais serão recuperadas”;, já que as atividades produtivas estão sendo substituídas pela importação. As consequências, segundo ele, são a perda de empregos de maior qualidade, que pagam os melhores salários, e a deterioração da balança comercial brasileira. Pela primeira vez em 40 anos, a exportação de produtos primários (como grãos, carne e minérios) ultrapassou a venda de produtos industrializados, em 2019.

“;Esses dados, mais uma vez, demonstram que estamos num caminho contrário ao desenvolvimento econômico capaz de gerar bons empregos, bons salários, com capacidade de incrementar a renda e a riqueza, gerando bem-estar e qualidade de vida para todos. Um país como o Brasil precisa de uma indústria robusta”;, afirmou Clemente. Ele apontou que o setor agropecuário também passa por uma transformação tecnológica que deve limitar ainda mais a oferta de empregos.

Fonte: Rede Brasil Atual

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