Eleição para CA da Caixa começa nesta segunda. Sindicato orienta empregados a votar em Rita Serrano

Escolha de representante dos trabalhadores começa nesta segunda-feira (18) e estende-se até o dia 22, durante pleito em primeiro turno. Participação de todos é fundamental para a defesa do banco 100% público e contra a retirada de direitos

Empregados da Caixa Econômica Federal, mesmo estando de férias ou licença, começam a escolher a partir desta segunda-feira (18), pela rede do banco, o seu representante no Conselho de Administração. O voto será pelo eleicaoca.caixa, com acesso pela matrícula e senha.

O primeiro turno das eleições acontece de 18 a 22 de novembro, com divulgação do resultado no Portal do Empregado, depois de concluída a votação. Caso nenhum candidato obtenha 50% mais um dos votos, haverá segundo turno de 2 a 6 de dezembro. Estão inscritas 203 candidaturas.

Rita Serrano, atual conselheira eleita, é uma das candidatas ao pleito. Ela conta com o apoio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da ampla maioria das entidades representativas dos empregados, por sua atuação e compromisso com a defesa da Caixa 100% pública e dos direitos dos trabalhadores.

Na Caixa desde 1989, Rita Serrano exerceu várias funções e foi presidente do Sindicato dos Bancários do ABC. É mestra em Administração, graduada em História e especialista em Governança pelo Instituto de Governança Corporativa. Exerce, atualmente, o cargo de diretora da Fenae e coordena o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. Está, portanto, preparada para representar os interesses dos trabalhadores, defender a integridade do banco e fiscalizar as ações da gestão, papel esse definido no estatuto do banco.

Como principal instância decisória da Caixa, o Conselho de Administração, que define as políticas de atuação da instituição, possui oito membros: o presidente, seis conselheiros indicados pelo Ministério da Economia e um eleito. A eleição de representante dos empegados tornou-se uma conquista histórica em 2013, quando ocorreu o primeiro pleito, fruto da luta das entidades sindicais e associativas de todo o país.

Confira, a seguir, a entrevista de Rita Serrano sobre a importância da participação de todos os trabalhadores no processo de escolha de seus representantes, visto como fundamental para reafirmar a defesa do papel dos bancos públicos no desenvolvimento do país. 

Em face da conjuntura de desmonte do patrimônio público, como será a sua gestão à frente do CA da Caixa?

Rita - As perspectivas para o futuro da Caixa como empresa 100% pública e com direitos dos trabalhadores intocáveis não são boas, evidentemente. Temos um governo privatista e a Caixa é um dos alvos. Temos menos empregados, há mais sobrecarga de trabalho e as ameaças a direitos prosseguem. Então, precisamos nos unir e garantir que cada um faça sua parte. Os trabalhadores também precisam assumir seu protagonismo, não só na Caixa, mas em todas as categorias. Acredito que fiz um bom trabalho na gestão que se encerra, destacando, entre outros pontos positivos, o sucesso para impedir que o banco se tornasse Sociedade Anônima.

Quais serão as prioridades do seu mandato para o biênio 2020-2022?

Rita - As prioridades são a defesa da Caixa Econômica Federal 100% pública e a garantia de respeito a conquistas dos empregados, como Saúde Caixa, Funcef etc. O objetivo é uma Caixa íntegra, sustentável, focada no desenvolvimento do nosso país e em prol do povo brasileiro. Para isso é preciso uma forte articulação com entidades sindicais e associativas, junto com todos os colegas do banco. Temos que nos pautar sempre por um modelo de governança que respeite a diversidade, os investimentos nas pessoas que fazem a Caixa, além de critérios claros para a carreira.

Opine a respeito da recente Medida Provisória que altera a jornada de trabalho da categoria bancária

Rita - É mais um ataque aos trabalhadores, e agora em especial à categoria bancária, que teremos de enfrentar. Os bancos estão num grande processo de enxugamento de mão de obra, com planos de demissões voluntárias (PDVs) e fechamento de agências. A saída é contratar mais, e não piorar as condições de trabalho. Mas é preciso ter claro que tudo o que está na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria se sobrepõe ao que define a MP, uma vez que o negociado prevalece sobre o legislado. Enquanto a CCT estiver valendo, não poderá haver qualquer mudança.

Fale um pouco sobre a relação da Caixa com as mulheres

Rita - A Caixa e as mulheres têm uma história de pioneirismo ao longo do tempo. O banco foi o primeiro a contratá-las no início do século passado, o primeiro a ter uma mulher na presidência (já foram duas), o primeiro a ter uma mulher na representação no Conselho de Administração (CA)... E a Caixa também foi vanguarda na criação de um programa de diversidade. Mas, apesar de todas essas iniciativas e embora quase metade do corpo funcional seja feminino, a maioria dos cargos de direção ainda está nas mãos dos homens, uma situação que é preciso modificar, intensificando o respeito à diversidade e a uma política que propicie igualdade de oportunidades no trabalho.

Faz parte da nossa pauta, e isso é importante, discutir um programa de governança do banco que valorize essa diversidade. A violência e o assédio que as mulheres sofrem na nossa sociedade é um debate que precisa estar presente no dia a dia de todos os trabalhadores. Entendo que, para se ter uma sociedade justa e fraterna, uma sociedade de paz, é preciso que homens e mulheres sejam iguais em todos os seus direitos. Isso vai contribuir para o desenvolvimento do país. Se houver essa preocupação por parte da Caixa, com divisão de tarefas em relação aos homens, os avanços serão alcançados nessa questão.

Qual a importância do voto para representante dos empregados da Caixa no CA?

Rita - É fundamental que todos participem, porque ter um representante dos empregados no CA é uma conquista, e é preciso valorizá-la. A lei que permite essa eleição é relativamente recente, de 2010; ou seja, ainda estamos muito atrasados em relação a países mais avançados, como a Alemanha, por exemplo, onde tanto em empresas públicas quanto privadas metade dos conselhos tem de ser composto por representantes eleitos pelos trabalhadores. E esse conselheiro eleito tem um papel, não é nem pode ser figura meramente decorativa: precisa ter qualificação técnica, acadêmica, liderança; precisa, de fato, ser a voz e o olhar dos trabalhadores naquele espaço decisório. Então votar é determinante, como é decisivo escolher alguém comprometido com os anseios dos empregados e com a Caixa pública. Acredito que temos que seguir juntos, cada vez mais unidos e fortes.

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