Candidato a presidente do Sindicato aposta no diálogo para ampliar a mobilização da categoria

Com a responsabilidade de aglutinar os bancários e conduzi-los para batalhas complexas no próximo período, face às ameaças e desafios que rondam os trabalhadores, o candidato a presidente do Sindicato, Márcio dos Anjos, vê na resistência e mobilização ferramentas indispensáveis para ampliar a luta e manter a força da categoria. Na entrevista que segue, ele promete transparência e diálogo com os associados, buscando construir novos instrumentos e estratégias para combater o retrocesso e continuar avançando nas conquistas.

P- O país vive um momento de extrema instabilidade, cujas consequências estão recaindo e podem recair ainda mais sobre os trabalhadores. Como você analisa este momento?

R- É um momento extremamente difícil, onde está ocorrendo diversos ataques a classe trabalhadora, com perda de direitos, e está sendo implementada a agenda das grandes corporações empresariais, do sistema financeiro e da mídia. Para isso, esses setores utilizam seus representantes no Congresso Nacional, diante da passividade de parte do judiciário brasileiro. Essa agenda atende ainda interesses internacionais, cometendo-se um verdadeiro crime de lesa pátria, com políticas deliberadas para promover a destruição de empresas públicas sólidas e abrir espaço para as multinacionais. É a entrega de todo o patrimônio da nação.

P- O que o movimento sindical pode fazer para tentar reverter este quadro? As iniciativas tomadas até agora são as corretas?

R- Todas as iniciativas até agora foram corretas e devem ser intensificadas com o objetivo de pressionar os parlamentares e seus financiadores. O movimento sindical e todos os demais movimentos têm o dever de permanecer unidos em defesa dos seus direitos. Precisamos também abrir dialogo com todos aqueles que foram usados nas manifestações com o propósito de lutar contra a corrupção, quando na prática a luta era outra. Precisamos ocupar as ruas constantemente, ocupar as redes sociais, promover um debate para esclarecer a sociedade civil o quanto essas reformas são nefastas.

P- De que forma os bancários podem ser afetados por essa avalanche de reformas, especialmente a trabalhista, a previdenciária e a lei da terceirização?

R- Os bancários já são afetados diariamente com a cobrança abusiva de metas e o fator tecnológico, que cada vez ocupa mais espaço e promove retirada de postos de trabalho.

Sendo as reformas trabalhista e previdenciária aprovadas, e não se revogando a lei da terceirização irrestrita, o poder de destruição será avassalador para a categoria bancaria. Por exemplo, na terceirização o trabalhador ganha 25% menos, há maior rotatividade e o número de acidentes de trabalho é absurdamente maior, representando 80% dos casos. A reforma trabalhista vai permitir a jornada intermitente de trabalho, a pejotização, o contrato temporário, as férias divididas em três períodos e a negociação de direitos abaixo do que existe na legislação, entre outros retrocessos.

A reforma previdenciária nos joga em um abismo sem fim, onde não vislumbramos nenhuma luz para planejarmos nossas vidas. Morreremos sem conseguir o direito a aposentadoria. O que está imperando é a mentira de um rombo inexistente na Previdência, quando ela é apenas parte da seguridade social, que também inclui a assistência social e a saúde. Esses setores recebem recursos através das contribuições dos empregados, empregadores, PIS, COFINS, CSLL e CIDE, não existindo portanto o alegado rombo. O que existe, de fato, são grandes devedores, cujas dívidas totalizam mais de R$ 426 bilhões. Esses devedores são empresas lucrativas, com patrimônio também de bilhões de reais, e que querem acabar com a Previdência para ter os débitos zerados. O que existe de fato é uma retirada de 30% da receita, através da DRU (Desvinculação da Receita da União) para promover todo tipo de desvio de recursos e finalidades.   

P- As reformas fragilizam não só os trabalhadores, mas as instâncias com as quais ele pode contar para lutar e se defender, como os sindicatos e a Justiça do Trabalho. Como a nova gestão do Seec-AL pretende enfrentar essa nova e grave situação, caso as reformas sejam aprovadas?

R- Com austeridade no controle dos gastos, promovendo a formação continuada dos bancários, aliando-se a toda classe trabalhadora para unificar e fortalecer as lutas. Juntos, iremos às ruas em defesa da Justiça do Trabalho

P- Apesar da importância dos sindicatos e do trabalho imprescindível que eles realizam para defender os interesses dos trabalhadores, existem críticas contra as entidades. Alguns cobram mais autonomia e menos envolvimento partidário. Há quem diga também que os sindicatos se tornaram cartoriais e que deveriam estar mais na linha de frente da luta. Como você avalia isto? Como a nova gestão do Seec-AL vai encarar esse cenário?

R- As criticas são salutares, até para corrigirmos alguns desvios de rota, se existir. Não podemos ter a pretensão de estar sempre certos. O que não podemos deixar de fazer é abrir o debate para os questionamentos e esclarecimentos.

Ter autonomia é fundamental para o bom desempenho de uma atividade

Em relação ao envolvimento partidário, temos que separar bem as coisas, a defesa da classe trabalhadora tem que acontecer independente da vinculação a partido “;A”; ou “;B”;, obviamente garantindo o direito do cidadão de aplicar sua ideologia no espaço que ocupa.

Os sindicatos comprometidos com a luta não são cartoriais e estão na linha de frente da luta, infelizmente o que existe é uma tentativa por parte da mídia de misturar o joio e o trigo.

A nova gestão vai aplicar verdadeiramente um amplo debate com a categoria e a classe trabalhadora, de forma transparente, com inclusão e respeito, buscando sempre a unidade de ação.

P- Você acha que os trabalhadores, e nesse caso os bancários, também têm uma parcela de responsabilidade? Afinal, o engajamento deles na luta não é o ideal, principalmente quando as lutas são de caráter geral.

R- Todos nós temos parcela de culpa, afinal de contas, quando se prioriza o individualismo e a meritocracia, em detrimento do coletivo, estamos cometendo um grande erro.

P- O que a próxima gestão do Seec-AL terá de diferencial em relação às anteriores? Qual o eixo que deve caracterizar a próxima diretoria?

R- Maior número de mulheres, renovação, remanejamento de diretores com menos tempo no movimento para ocupar secretarias tidas como mais demandadas, isto com apoio logístico e político dos mais experientes.

Nosso eixo será transparência, inclusão, respeito, formação política e exercício pleno dos debates

P- A eleição do Sindicato será com Chapa Única, mas é preciso que um número expressivo de bancários votem, para que a nova gestão tenha representatividade. Como vocês pretendem conseguir isto?

R- Utilizando-se do corpo a corpo, procurando atingir o maior número de locais de trabalho com visitações. Utilizar todos os meios de comunicação disponíveis como facebook, whatsapp, site, telefone, e-mail, entre outros, buscando a conscientização da necessidade do voto.

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