Minha Mansão, Minha Vida: Caixa vai financiar imóveis para mais ricos

Limite do valor do imóvel dobra de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões. Enquanto isso, ações para garantir a moradia dos mais pobres, como o Minha Casa, Minha Vida, estão sob ameaça

A partir da próxima segunda-feira (25), a Caixa Econômica Federal irá financiar imóveis de até R$ 3 milhões pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), em que são utilizados recursos da poupança. O anúncio foi feito no dia 18. Atualmente, o limite em vigor é de R$ 1,5 milhão. As mudanças também preveem o aumento da parcela que pode ser financiada: para imóveis usados, de 60% para 70%; e para compra de imóvel novo, construção em terreno próprio, aquisição de terrenos e reforma ou ampliação, de 70% para 80%.

Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, a medida é uma completa inversão do papel social do banco. “;Em 17 de maio, o governo ilegítimo de Michel Temer revogou a portaria da presidenta Dilma que ampliava o Minha Casa, Minha Vida, programa que beneficia justamente a população de baixa renda. Após forte pressão Brasil afora, voltou atrás. Essa foi apenas uma prova do que temos dito ao longo dos últimos meses: os programas sociais que transformaram o país na última década estão seriamente ameaçados”;, afirma.

“;Estão criando o ‘;Minha Mansão, Minha Vida’;. Enquanto a Caixa aumenta o teto de financiamento, o crédito voltado para os mais pobres está com várias restrições. Os bancos privados sempre viraram as costas para a população mais carente, e a Caixa se tornou a esperança dos mais necessitados realizarem o sonho da casa própria. Não vamos permitir mais esse retrocesso de um governo golpista, que atua em prol das classes mais privilegiadas”;, diz Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).

Outro ponto a ser considerado, segundo o vice-presidente da Fenae, Clotário Cardoso, é o fato de a arrecadação da poupança estar em queda. “;Ou seja, num momento em que há menos dinheiro no caixa, resolve-se ofertar mais crédito para os que menos precisam? É um erro. Além disso, a Caixa é um banco 100% público, e como tal deveria priorizar as pessoas que são alvo das políticas públicas”;, observa.

Crédito para mais pobres

Em 2015, as contratações da carteira de crédito habitacional somaram R$ 91,1 bilhões, o que envolveu quase 800 mil unidades e beneficiou 3 milhões de pessoas. Do total, R$ 55,5 bilhões foram financiados com recursos do FGTS, incluindo subsídios, o que beneficiou os brasileiros mais pobres, sobretudo por meio do Minha Casa, Minha Vida. O banco se manteve na liderança do setor, com participação de 67,2% do mercado e carteira de R$ 384 bilhões.

Desde a sua criação, em 2009, o MCMV beneficiou mais de 10 milhões de pessoas, com a entrega de 2,5 milhões de moradias e a contratação de outras 1,6 milhão. Somente no ano passado, na média, foram 1.220 casas entregues por dia. “;Disponibilizar crédito habitacional para os menos favorecidos está no DNA da Caixa. Não tem jeito, se ela privilegiar os mais ricos, poderão faltar recursos para as classes mais baixas”;, frisa Jair Pedro Ferreira.

Fonte: Fenae

Mais Notícias

+ Ver todas