Juros do cheque especial batem recorde e superam 300% ao ano

A taxa de juros do cheque especial chegou ao recorde de 300,8% ao ano, em março, de acordo com dados do Banco Central, divulgados nesta quinta-feira (28). A série histórica do BC teve início em julho de 1994. De fevereiro para março, a taxa subiu 6,9 pontos percentuais.

Também é recorde a taxa média do rotativo do cartão de crédito (449,1% ao ano), em março, com alta de 5,2 pontos percentuais em relação a fevereiro. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. A série histórica do rotativo do cartão de crédito tem início em março de 2011.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, enfatizou que o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito são modalidades de empréstimos que devem ser usadas com “;muita cautela”; devido ao custo elevado. Maciel orienta que, se for preciso usar, deve ser por pouco tempo para não comprometer a capacidade de pagamento no futuro.

PARCELAMENTO

A taxa de juros das compras parceladas no cartão de crédito ficou em 145,5% ao ano, em março, com redução de 0,6 ponto percentual em relação a fevereiro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) atingiu 29,9% ao ano, com aumento de 0,4 ponto percentual na comparação com fevereiro.

A taxa do crédito pessoal chegou a 126,1% ao ano, com alta de 3,3 ponto percentual em relação ao mês anterior.

A média de juros do crédito para as pessoas físicas ficou em 69,2%, em março, com alta de 1,3 ponto percentual em relação a fevereiro. Já a taxa média cobrada das empresas caiu 0,9 ponto percentual para 31% ao ano.

INADIMPLÊNCIA

Em março, a inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) ficou estável em 6,2% para as famílias e subiu 0,1 ponto percentual para 4,9%, no caso de empresas. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros,

Segundo Maciel, a inadimplência das famílias está “;bem comportada”; e a das empresas segue em crescimento lento e persistente. Maciel acrescentou que a inadimplência deve crescer, em ritmo lento, nos próximos meses.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a taxa de juros cobrada de empresas subiu 0,1 ponto percentual para 11,9% ao ano e das famílias aumentou 0,5 ponto percentual para 10,1% ao ano. A inadimplência das empresas ficou estável em 1% e das famílias caiu 0,1 ponto percentual para 2,1%.

Retração da atividade econômica desacelera saldo de crédito

Maciel destacou que a desaceleração do saldo de crédito reflete a retração da atividade econômica, queda da confiança de empresas e famílias e custo dos empréstimos mais elevado. Acrescentou que, no início do ano, é comum haver redução nos empréstimos e citou, também, a influência do câmbio em operações referenciadas em dólar.

Ele explicou que o crédito não deve crescer mais de “;forma muito significativa”; como ocorreu ao longo de mais de 10 anos e citou o crescimento de 30% registrado em 2008. Para este ano, a previsão do BC é de expansão de 5%. “;À medida que se retoma a confiança dos agentes, também iremos observar a reação do crédito. Mas não veremos crescimento do crédito a taxas vistas em anos anteriores”;, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central.

No total, o saldo das operações de crédito chegou a R$ 3,160 trilhões em março, com redução de 0,7% no mês e de 1,8% no ano. Em relação a tudo o que o país produz —; Produto Interno Bruto (PIB) - o saldo do crédito ficou em 53,1%, queda de 0,5 ponto percentual no mês.

Fonte: ABCD Maior

 

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